Engenheiro
e cientista da computação pelo MIT (InstitutoTecnológico de Massachusetts), onde
fez também mestrado em inteligência artificial, o paulista Giuliano Giacaglia,
23, abriu mão de trabalhar na Microsoft e no Facebook para se tornar sócio do
americano Paul English, que investe em start-ups.
Eles
farão uma empresa de pagamentos concorrente da
Square, de Jack Dorsey, um dos fundadores do Twitter.
Hoje com
US$ 2 milhõesdisponíveis para investir, Giacaglia
mora de favor na casa de um amigo e chegou a pular uma refeição por dia para
economizar.
Leia o
depoimento de Giacaglia:
Por
enquanto eu moro na casa de um amigo aqui em
Boston, dormindo num colchão, de favor. A partir de abril vou ter um salário,
por causa do investimento que a minha empresa recebeu, e vou conseguir alugar
um apartamentinho.
Minha
ideia inicial era fazer um aplicativo para restaurantes: você senta, come, sai
sem falar nada e já está pago, sem precisar de confirmação. Mas o mercado aqui
nos EUA é muito competitivo nessa área de software, principalmente para
restaurantes.
O MIT
[Instituto Tecnológico de Massachusetts], onde eu fiz graduação e mestrado, tem
um programa que ajuda alunos empreendedores. Os veteranos que me ajudaram
investem, eles entendem mais do lado do investidor que do empreendedor.
No ano
passado, um amigo meu, Pete Kruskall, começou uma empresa de "machine
learning" para bancos de investimento. Tipo um Siri, da Apple, para bancos
de investimento. Ele já tinha experiência, porque trabalhou na Kayak [site de
planejamento de viagens vendido em 2012 por US$ 1,8 bilhão] e no Google, mas
descobriu que aquilo não era o que queria.
Eu estava
me aconselhando com esse amigo, porque sei que é muito difícil começar uma
companhia. Comecei minha empresa com outro amigo, mas a gente terminou –é como
qualquer relacionamento, não é fácil...
Foi o
Pete que me apresentou ao [fundador da Kayak] Paul English. Ele vai ser meu
sócio, e a gente está procurando alguém de negócios, porque o Paul conhece o
pessoal dessa área. Eu sei da parte técnica, posso fazer tudo.
Estamos
trabalhando em um app para pagamentos, não só em celulares, mas também com
software para computadores. A ideia é, eventualmente, ser competidor da Square,
[empresa de pagamentos criada por Jack Dorsey, cofundador do Twitter]. Não sei
se é possível porque eles estão fortes, e precisa de muito investimento.
O Paul
English vai injetar entre US$ 500 mil e US$ 2 milhões. A minha ideia é gastar o
mínimo para pôr o negócio rodando. A partir daí, conseguir mais investimento.
Ele também é consultor para [os fundos] General Catalyst e Sequoia Capital. O nome
dele é muito forte, ele tem uma voz.
VIDA DE
ESTUDANTE
Quando
vim para cá, não falava inglês direito. No primeiro ano, minha avó me ajudou
com as despesas, porque eu tinha que pagar comida e estadia. Das universidades
de fora, só me inscrevi para o MIT, tive sorte de passar. No final, eu tive
muita sorte.
No
segundo ano, eu tinha que conseguir dinheiro para pagar a faculdade. Fiz
entrevistas, mas não tinha nenhuma experiência e meu inglês era bem ruim.
Acabei fazendo pesquisa, na própria universidade. Nessa pesquisa, provei uns
negócios e publiquei um artigo no "Electronic Journal of
Combinatorics".
Teve um
tempo meio tenso em que estava difícil conseguir até comida –tive um pequeno
"racionamento" [risos]. No final do ano eu não almoçava, só jantava
na fraternidade. E meus pais não sabiam disso; na verdade, eles não sabem. Eu
que decidi vir para cá, certo? Então tenho que cobrir os gastos.
Nessa
época, quando fui visitar meus pais –eles pagaram a viagem–, estava magrelo.
Meu pai perguntou se eu precisava de alguma coisa, falei: "Ah, se puder
ajudar é melhor, né?" [risos].
VIDA DE
TRABALHADOR
Logo
depois, consegui emprego na Microsoft, em Seattle (Washington), que deu
dinheiro pra caramba. Fizeram uma proposta para eu ficar, mas achei melhor
esperar. Daí eu trabalhei no Facebook, em Menlo Park (Califórnia), e não foi
exatamente o que eu queria fazer da minha vida.
As
experiências são totalmente diferentes, porque as cidades têm perfis
diferentes. Não me adaptei ao Vale do Silício, tem muita gente fazendo start-ups.
É uma bolha, não no sentido financeiro, mas de falta de diversidade.
A
Microsoft tem gente mais velha –é mais tranquilo. Talvez eu volte a trabalhar
para uma empresa grande, se as coisas não derem certo.
FONTE: UOL
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